Mãe
Paulo Rathunde
O mundo para Shakespeare era como uma peça de teatro que não permite ensaios. Nós, os atores, entramos e saímos de cena interpretando papéis de filho, mãe, pai, amigo, empregado, patrão, aluno, professor, entre outros. A cada nova interpretação, novos aprendizados e aprimoramentos que nos fazem sair do palco melhores do que entramos.
Destes papéis, alguns são fáceis, outros exigem do ator maior sensibilidade, atenção, serenidade, coragem, força e sabedoria. Ser mãe é um exemplo. Tendo sua origem embaçada pela própria história da vida, desempenhá-lo é sempre um desafio, dado que a intensa, delicada e complexa relação com os filhos exige muita improvisação.
Então, vemos entrar em cena atrizes querendo qualquer papel, menos o de mãe. Despreparadas e imaturas, algumas delegam a função e saem do palco. Há aquelas que se confundem com o personagem e vivem uma espécie de esquizofrenia. Não é incomum também as que roubam o papel dos filhos e não lhes deixam espaço para atuarem e se tornarem protagonistas de seus próprios roteiros.
Seja como for, o papel de mãe exige de cada atriz o exercício de um amor sem igual, a exemplo do que praticaram os grandes mestres da humanidade, uma força criadora que lhes permite superar qualquer obstáculo.
Daí surgem grandiosas atrizes, a despeito de sua experiência, a desempenhar o papel de mãe com maestria digna de um Oscar. Esteios de almas aprendizes vindas a este mundo por seu ventre ou por outro, atuam como guias para que crianças e jovens transcendam as próprias limitações e se lancem livres, fortes, com sabedoria, dignidade e lucidez, convictos e felizes no eixo de seus papéis pelo palco da vida.
No Dia das Mães e em todos os dias do ano, nós da Eco Nativa aplaudimos em pé o desempenho destas atrizes anônimas que, por sua atuação, fazem de nosso mundo um lugar melhor para se viver. Desejamos a todas muita serenidade, coragem, sabedoria e a certeza de que atuam em sua melhor performance a serviço da vida.

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